Como tornar acessível, ao público em geral, os resultados de estudos académicos recentes sobre crianças e adolescentes em ambientes digitais? Mais ainda, como conseguir que estes resultados possam ser um apoio às famílias e aos profissionais que lidam com crianças (no setor da educação, da saúde ou da justiça, por exemplo)?

Esta é a proposta de base da CriA.On – Crianças e Adolescentes Online, uma nova plataforma digital lançada hoje, 7 de fevereiro, no Dia Europeu da Internet Segura. Cristina Ponte, coordenadora do ICNOVA, assume também a coordenação desta iniciativa, que junta diversos investigadores da Universidade Nova de Lisboa. Além de Cristina Ponte, a equipa de coordenação da plataforma inclui Rita Baptista (comunicadora de ciência) e Pedro Silva Ferreira (doutorando), também do ICNOVA.

A plataforma conta com o contributo de cinco investigadores do CICS.NOVAEduarda FerreiraJosé Alberto SimõesLídia MarôpoMaria João Leote de Carvalho Susana Batista.

Dirigida a adultos, a plataforma Cria.On disponibiliza conteúdos focados nas competências e direitos digitais das crianças, ambicionando contribuir para o seu bem-estar em ambientes digitais. Estes conteúdos estão organizados por grupos etários e por temas, em duas áreas distintas:

     – Jornal multimédia: área na qual investigadores com pesquisas sobre meios digitais apresentam textos, vídeos e podcasts sobre diversos temas e estudos nacionais e internacionais.

     – Recursos: repositório com diversos recursos práticos, desde atividades a realizar com crianças e adolescentes a sugestões de leitura e programas de formação.

ENTREVISTA A CRISTINA PONTE, COORDENADORA DA CRIA.ON

Em entrevista, Cristina Ponte fala sobre o valor desta plataforma e explica quais os principais desafios de educar em contexto digital. A investigadora coordena, há vários anos, diversos estudos europeus sobre crianças e Internet, destacando-se os projetos ySkills e EU Kids Online.

Como surgiu a iniciativa CriA.On? 

Surgiu da vontade de investigadores da Universidade Nova em tornar acessíveis a não académicos (famílias, educadores e professores, profissionais de saúde…) resultados de estudos recentes sobre a relação de crianças e adolescentes com os meios digitais. Também pensámos que deveria incluir atividades e recursos tendo em conta as questões e experiências dos próprios profissionais, numa forte interação com esses grupos.

Qual a principal mais-valia da plataforma?

Pensamos que é a sua acessibilidade, com uma navegação fácil e intuitiva, sobre temas de interesse e atualidade, com conteúdos em língua portuguesa apresentados numa linguagem não académica, mas fundamentada.

A plataforma permite apoiar educadores e profissionais num contexto educativo em ambiente digital. Quais diria que são os principais desafios a ter em conta neste contexto?

O principal desafio será manter-se atualizada, num contexto como o digital que está sempre a apresentar novidades e que tende a suscitar visões opostas, de tecnofilia ou tecnofobia. Para superar esse desafio, é importante uma forte atenção às tendências e investigações, bem como a interação com famílias, profissionais e os próprios adolescentes.

Os direitos digitais das crianças e adolescentes ainda são pouco conhecidos (ou valorizados) na sociedade portuguesa? Como se caracteriza a realidade nacional a este nível, em comparação com outros Estados-Membros?

Na sociedade portuguesa, consideram-se mais os direitos de proteção digital do que outros direitos, como os relacionados com o acesso a conteúdos digitais adequados às suas idades, o direito à expressão e à informação. O que também procuramos com esta plataforma é destacar que as políticas europeias e internacionais dão atenção não só à segurança, mas também à aquisição de competências e à participação e cidadania digital das crianças e jovens.

CRIA.ON, UMA PLATAFORMA QUE TAMBÉM VIVE NAS REDES SOCIAIS

Para aceder aos conteúdos da Cria.On, poderá consultar website oficial da plataforma (https://criaon.fcsh.unl.pt/), mas também seguir a iniciativa nas redes sociais, nomeadamente no FacebookYouTubeInstagram e Linkedin. A iniciativa integra ainda um podcast.

A plataforma foi lançada no decorrer das celebrações do Dia Europeu da Internet Mais Segura, a cargo do Centro Internet Segura coordenado pelo Centro Nacional de Cibersegurança, e que decorre hoje em Ponta Delgada, Açores.