De abril a junho de 2017 relizar-se-á o Seminário livre oferecido em conjunto pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, pelo Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudo em Música e Dança e pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa que visa debater as relações entre intelectuais, cientistas e artistas, por um lado, e o poder político, por outro.
Mais especificamente, o seminário visa explorar a forma como, ao longo do século em questão, ciência e cultura, designadamente as artes, foram fazendo parte do arsenal de estratégias governativas ao dispor do poder político para adestrar e conduzir as condutas de indivíduos e da população em geral. Em contrapartida, o seminário procura ainda explorar a forma como a mesma relação teve tradução nos produtos simbólicos oriundos de cada um desses domínios e nos itinerários sociais e políticos de artistas, cientistas e intelectuais. Paralelamente, interessa-nos ainda olhar para o próprio Estado (e para o seu crescimento) enquanto resultado (parcial) e veículo de determinadas ambições políticas e corporativas (profissionais) da parte dos mesmos. Finalmente, a um nível historiográfico, importa confrontar a opção reiterada por histórias da cultura e história da ciência separadas e testar a possibilidade e a utilidade de optar por uma história político-intelectual integrada.
Em suma, através da apresentação, da sistematização e da discussão colectiva de alguns dos mais recentes estudos de caso sobre o tópico, e tendo como horizonte as dinâmicas estéticas e epistémicas próprias do campo intelectual, o seminário visa assim desencadear uma apreciação da importância relativa que as ciências e as artes, nomeadamente a música, as artes plásticas, a literatura e a arquitectura, tiveram no desenvolvimento e na institucionalização, ao nível do Estado, de práticas governativas que hoje dizemos modernas e que têm sido caracterizadas ora pelas estratégias “microfísicas” de exercício do poder, a que dão corpo, ora pela tentativa de disseminação do poder-infra-estrutural do Estado, a que podem ser associadas.