No próximo dia 24 de setembro de 2024, pelas 18H30, terá lugar na Sala SE1 do Colégio Almada Negreiros (Universidade NOVA de Lisboa – Campus de Campolide) a apresentação e debate do livro Moradores de bairros populares no Porto e em Braga: condições objetivas de vida e estratégias de sobrevivência e resistência passiva (Edições Afrontamento, 2024), da autoria de Manuel Carlos Silva (ICS-UMinho e CICS.NOVA.UMinho). A iniciativa contará com a apresentação de Fernando Oliveira Batista (ISA-ULisboa).
«Na sequência da reflexão sobre o ‘conservadorismo’ do campesinato nortenho, quer em sede do próprio doutoramento na obra “Resistir e Adaptar-se. Constrangimentos e estratégias camponesas no Noroeste de Portugal”, quer em reflexões e artigos diversos sobre a ‘passividade’ doutras classes sociais desprovidas, nomeadamente no quadro do projeto “Modos de Vida e Formas de Habitar” coordenado pelo autor, este livro visa, com base numa metodologia plural de ordem quantitativa e qualitativa, dar a conhecer parte dos resultados de pesquisa sobre condições de vida e de habitação dos moradores/as dos bairros populares no Porto e em Braga. Na I Parte são sistematizadas reflexões sobre um problema colateral ao projeto mas social e cientificamente relevante na medida em que, apesar da (in)satisfação perante as severas condições objetivas de vida, não se verificou, em regra, contudo uma correspondente ou expectável ação coletiva de contestação ou revolta contra tal situação. Mais, a constatação de um assentimento, resistência passiva e/ou acomodação defensiva obrigou a um enquadramento teórico e a convocar criticamente os diversos modelos para a compreensão e a explicação do fenómeno. Na II parte é fornecido um retrato dos diversos grupos sociais, dos seus rendimentos e condições de vida, relevando em particular as perceções e representações dos residentes, as suas trajetórias de vida, incluindo as migratórias, os processos de reprodução social e melhoria social nalguns casos. Na III Parte são analisadas as relações de vizinhança e interétnicas, as origens rurais e percursos de vida dos moradores/as, as relações de entreajuda e as sociabilidades, as tensões e os conflitos. Numa IV Parte é feito um registo e análise das crenças e práticas religiosas, das formas de organização e do baixo grau de participação política, das suas mundividências e conceções ético-morais relativamente a relações prematrimoniais, à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, à legalização da procriação medicamente assistida e da eutanásia. Por fim, são apresentadas algumas conclusões e recomendações.»
➡️ Manuel Carlos Silva é Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Sociólogo, Doutorado pela Universidade de Amesterdão em Ciências Sociais, Culturais e Políticas, ex-Diretor de Centro de Investigação em Ciências Sociais (2004-2014), ex-Presidente da Associação Portuguesa de Sociologia (APS) (2010-2012), é investigador integrado do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.Nova), Universidade do Minho. Professor catedrático aposentado pela Universidade do Minho e Professor Visitante em Angola, Espanha, Colômbia e Brasil, foi avaliador de cursos em Ciências Sociais em Portugal pela Agência A3ES (2010-2014), de candidaturas para bolsas de doutoramento e pós-doutoramento (2004-2013), assim como da produção científica em ciências sociais na FCT/Portugal e na ANVUR/Itália. Distinguido com o Prémio Sedas Nunes pela obra sobre o campesinato intitulada Resistir e Adaptar-se (Afrontamento, 1998), coorganizou diversos congressos (inter)nacionais (Conglab, 2009; APS, 2012), coordenou vários projetos de investigação e publicou, em autoria ou co-autoria, 32 livros e mais de 200 capítulos de livros e artigos em revistas (inter)nacionais sobre o rural-urbano, o desenvolvimento e as desigualdades sociais (de classe, étnico-raciais e de género).
➡️ Fernando Oliveira Baptista é Doutor em Ciências Agronómicas, pela Universidade Técnica de Lisboa, e Professor Catedrático jubilado do Instituto Superior de Agronomia, no Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural. Foi Ministro da Agricultura e Pescas nos IV e V Governos Provisórios (1975). É membro da Academia de Agricultura de França. Foi professor visitante do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no Brasil e é atualmente professor em Angola. As suas principais áreas de trabalho são as dinâmicas sociais e económicas do espaço rural, a análise das políticas agrárias e os critérios de gestão da propriedade florestal. Coordenou os seguintes projetos: “Os problemas estruturais das explorações florestais portuguesas” (Projecto PAMAF 8125); “Retornar ao Inquérito à habitação rural” (financiamento ADISA); “As secas: discurso dos actores sociais ou realidade que incorporam nas suas decisões” (Projecto INTERREG II); “Propriedade e gestão comunitária e suas implicações para o desenvolvimento rural das zonas periféricas” (Projecto FAIR6-CT98-4111). Da sua produção científica destacam-se, entre outras, as obras “Dos processos de colonização interna ao capitalismo agrário” (1978), Pequena Agricultura: economia agrária e política agrária (anos trinta-1974) (1981), Agricultura, Espaço e Sociedade Rural (1993), Agricultura e Território (2001), O Espaço Rural: Declínio da Agricultura (2010), Alentejo, a Questão da Terra (2010) e O Destino Camponês (2013) e, mais recentemente, Agricultura, Terra, Rural: tempos de mudança (2021), e, em co-autoria, Terra e Agricultura século XX (2021) e As Casas e as Famílias (2023).
Esta iniciativa é financiada por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto «UIDB/04647/2020» do CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa.