Após a sua apresentação em Braga, terá lugar no próximo dia 14 de dezembro de 2022, pelas 18H, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa, a apresentação do livro “Etnicidade e Racismo. Representações Sociais de portugueses(as) sobre minorias étnicas negra e cigana no Distrito de Braga”, da autoria de Manuel Carlos Silva, professor catedrático aposentado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e investigador do CICS.NOVA.UMinho. A apresentação do livro ficará a cargo de José Manuel Sobral, Antropólogo, Professor e Investigador Principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa).
Resumo: Este livro, focado nas relações interétnicas entre a maioria autóctone e as minorias étnico-raciais – negros, na sua maioria imigrantes, e ciganos/as portugueses -,estuda as formas de racismo estrutural institucional e quotidiano, que, secularmente arreigadas em contextos (neo)coloniais e, em particular, sob o regime ditatorial e racista do Estado Novo, continuaram a reproduzir-se de forma ora mais direta e flagrante, ora mais subtil e velada, durante o regime democrático do pós-25 de Abril de 1974. Esta realidade constitui uma clivagem tão importante como as de classe ou de género. O autor do livro procede assim a uma abordagem histórica e equaciona diversos modelos teóricos para explicação do racismo, evidenciando a incorporação de tais preconceitos, classificações e discriminações étnico-raciais, cujas causas remetem não só para disseminação de ideologias racizantes ou até racistas como para a despolitização e busca de alegados bodes expiatórios perante situações de pobreza e precarização socioeconómica de grupos sociais apostados na segurança mínima, mas sem desvendarem os interesses do grande capital. Sendo estes os principais responsáveis de tais situações, são respaldados por governos que, rotativamente, têm sido omissos em diminuírem os índices de pobreza, nada fazendo contra tal polarização e pânico moral, aliás aproveitado e exponenciado pela (extrema)direita. Importa manter presentes estas cruas realidades e analisá-las numa perspetiva de colonial e interseccional, mobilizando forças em ações coletivas e superando as diversas desigualdades sociais numa base solidária de pertença de classe, de género e, por fim mas não menos importante, étnico-racial.