Hoje (dia 27 de Junho) será realizada a prova de doutoramento em Estudos Urbanos de Alexandre Vaz. A prova terá lugar às 14h00, no Auditório 224 do Colégio Almada Negreiros, no Campus de Campolide da Universidade Nova de Lisboa.
A tese a ser defendida tem por título “Postais de Lisboa: Práticas turísticas e as suas implicações na reconstrução de identidades territoriais” e foi co-orientada pelo Professor Doutor Luís Batista, investigador do CICS.NOVA.
Resumo
Na segunda década do século XXI, Portugal atravessou uma crise financeira e orçamental com um amplo impacto económico e social. No entanto, houve um setor que, no mesmo período, assistiu a um ritmo de crescimento sem precedente: o Turismo. O número de visitantes da cidade de Lisboa duplica, multiplicando-se os negócios orientados para este sector. Em paralelo, assistiu-se no espaço público à emergência de discursos de contestação do turismo. Nesta tese analisamos estes discursos, nomeadamente o seu repertório conceptual e a sua mobilização nos confrontos quotidianos, na academia, nos órgãos de comunicação social, nas manifestações, nas coletividades, nos arraiais ou nas ruas. Seguindo uma abordagem multi-escalar e multi-métodos atendem-se às transformações na cidade, com especial enfoque no centro histórico e mais particularmente na Freguesia de Santa Maria Maior. A partir de entrevistas em profundidade a diferentes atores, de um questionário aplicado a moradores na Área Metropolitana, e da análise dos perfis dos estabelecimentos comerciais do centro da cidade, de grafitis de protesto e de outros testemunhos, confrontam-se práticas e representações do turismo com o objetivo de descodificar eixos polarizadores tipicamente ocultos. Conclui-se que os conflitos são um elemento constitutivo das vivências urbanas e que, ao invés da sua eliminação ou repressão, estes assumem um caráter emancipatório que carece de aprofundamento. No entanto, as disputas estudadas surgem marcadas por contradições, onde os discursos orientados para a defesa do espaço público igualmente transportam a reprodução de posições de privilégio e direitos adquiridos. Ironicamente, a denúncia da gentrificação e do volume do turismo acaba por alimentar discursos binários em que se opõem centros e periferias, nacionais e estrangeiros, tradicionais e inovadores acabando por contribuir para agravar os problemas de exclusão que identifica e se propõe contrariar.