No passado dia 23 de agosto, o Projeto MAIs (Mulheres Agricultoras em Territórios do Interior) realizou a atividade “Construção Comunitária: experimentação de sentidos e partilhas das mulheres agricultoras” com as beneficiárias do município de S. Pedro do Sul. A atividade decorreu no Restaurante de S. Macário em Sá (S. Martinho das Moitas) e teve a duração de um dia (das 10h às 16h). Esta atividade enquadra-se num dos 3 eixos de intervenção do projeto. As ações a desenvolver neste âmbito têm sempre em conta duas dimensões: participar em dinâmicas sociais com o objetivo de fortalecer as relações sociais do público-alvo e estimular para o associativismo, e promover o desenvolvimento de competências técnicas e sociais. O objetivo principal desta sessão foi despertar nos grupos de mulheres agricultoras, o interesse pela cooperação, pelo sentido de coletivo e organização comunitária, a partir das vivências e problemáticas identificadas pelas participantes, nas sessões anteriores levadas a cabo pela equipa do Projeto MAIs.
A sessão foi dinamizada pela formadora Carolina Leão, doutorada em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG/Univ. de Lisboa, com Pós-Doutoramento realizado no Instituto de Geociências da Univ. Federal Fluminense (Brasil). Tem desenvolvido trabalho no campo da Educação Popular, associado à Investigação Ação Participativa e é Coordenadora Pedagógica na Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (AMUCIP).
A metodologia seguida teve como orientação as propostas da Educação Popular, na perspetiva de Paulo Freire, que tem como referência a problematização da realidade vivida pelas populações, a construção coletiva e crítica dos conhecimentos, a valorização dos saberes populares, com base em metodologias promotoras da reflexão-ação, enquanto fundamentos para a transformação social.
Os objetivos alcançados foram:
– Identificação de aspetos que dificultam o diálogo e a aproximação das mulheres agricultoras em territórios do interior, em particular relacionados com a ausência ou fragilidade da auscultação, perceções diferentes sobre assuntos comuns e falta de tempo para integrar formas coletivas nas suas vidas;
– Contributo para a criação de um sentido de coletividade, cooperação e comunidade a partir de palavras e temas geradores identificados nos discursos das participantes em sessões anteriores;
– Listagem de espaços e tempos de cooperação, para desenvolver ações coletivas, com benefícios para cada mulher, para o coletivo de mulheres e para as comunidades.
Em geral, a atividade foi avaliada de forma positiva e as mulheres agricultoras mostraram-se contentes por partilhar as suas experiências em grupo. Esta atividade também irá decorrer brevemente no Sabugal.
O projeto MAIs, que teve início em 2020 e terá uma duração de 2 anos, conta com um financiamento de cerca de 248.240 euros, através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), para o qual contribuem a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.